quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Diálogo, uma ponte para construção de relacionamentos saudáveis.


Venho percebendo o quanto nos queixamos da falta de diálogo em família. Não é que o pai e a mãe, os pais e os filhos, os irmãos não falem entre si: todos se queixam de falta de tempo, porém há muito tempo disponível para os jogos e redes sociais no celular, vídeo-games, aquela novela na televisão, happy hours diários ou qualquer outra coisa que afaste as pessoas de se sentarem e conversarem, pois isso é muito chato, não é?! Além do que, as famílias são eternas, não é mesmo?! “Amanhã eu sento para conversar com eles...”. Cuidado: são eternas porque estamos acostumados a ver todos ali em todos os dias. Quando morre alguém, lembramos do que não fizemos, de tantas oportunidades perdidas!



Pense em seus amigos, conhecidos, colegas de trabalho ou de faculdade. Entre eles, quantas foram as famílias que terminaram por falta de diálogo? Quantos relacionamentos entre pais e filhos não foram arruinados por isso? Quantos casamentos não foram por água abaixo?

Você quer melhorar o relacionamento com seus pais, irmãos, tios... família? É necessário aprender a arte de dialogar.
Que tal começar abrindo um bom espaço no próprio tempo para, simplesmente, ficar e ouvir. Você já parou para pensar como é gostoso ser ouvido? Escutar é a primeira condição para poder começar um diálogo, porque ouvir nos concede maior intimidade, e revela interesse pela dor e cansaço do outro. Em duas palavras: compaixão e empatia.
Dialogar em família é disponibilizar nosso coração para o acolhimento, para o abraço e afeto. Dialogar não é sempre doar. Na maioria das vezes é permitir, receber. Imagine seu pai abrindo o coração, a vida, as angústias e esperanças. Como bom ouvinte, me interessa o que ele diz, o que ele é, o que sonha e o que ama. Quando sou bom ouvinte, a recíproca se torna verdadeira, e o diálogo vira hábito enriquecedor, que leva todos ao caminho do crescimento e desenvolvimento. Todos se sentem felizes e apoiados. A família é nossa base.
Queixamos-nos tanto de falta de tempo, de grandes distâncias – apesar da modernidade, e temos por consequência um eterno vazio no peito. Encontrar tempo para ouvir significa deixar de lado outras coisas que nos interessam muito, mas que não são tão importantes.
Hoje nos tornamos escravos de nós mesmos, de nossos vícios, de nosso egoísmo, preenchemos nosso “tempo livre” com assuntos que nos impacientam, nos curvam, nos esmagam. Vivemos angustiados, depressivos, com um peso enorme nas costas.
Procuramos formas de dialogar em casa, de nos aproximarmos das pessoas, mas em contrapartida permanecemos com as mesmas atitudes – que fatalmente levarão ao mesmo resultado. Diante daquela frase tão famosa do Dalai Lama “Seja a mudança que quer ver no mundo”, entendo que essa mudança pode começar aqui dentro de nosso coração, e em seguida, em família.
Às vezes, é necessário renunciar, deixar, apagar certos hábitos improdutivos, que transformamos em rotina, para salvar a família, o casamento, o relacionamento com seus filhos. E se começar por você essa mudança, sentando com sua esposa ou o marido, chamar os filhos e criar um clima para a escuta? O que for deixado de lado será sempre menos importante do que o amor entre a família. Vale repetir: família é a base do ser humano.
Pode ser que você tenha de “sacrificar” uma partida de seu time, o capítulo final de uma novela, a série que tanto gosta ou aquele jogo no celular.


Mas você sabe por onde começar um diálogo em casa? Basta abrir um pouco os olhos e observar que há muito a dizer. Hoje você pode chegar do trabalho e contar alguma aventura que ocorreu por lá. Amanhã, dividir algo que viu em um programa de TV, ou livro que tenha lido. Não são poucas as famílias nas quais os pais contam aos filhos um filme que acabam de ver, ou uma viagem interessante que fizeram quando eram jovens, ou a história do avô. E os pequenos? Pergunte a eles como foi o dia na escola, o futebol, a aula de dança. Peça para ver seus cadernos, brinque com eles, assistam a algum desenho animado juntos. Participe de suas aventuras, suas descobertas.
E os adolescentes, que apesar de deixarem muitas vezes seus pais e avós de cabelo em pé, podem deixá-los também perplexos quando expõem reflexões que dão muito que pensar pelo radicalismo e o desejo de justiça que são próprios desses jovens adultos. E são eles também que necessitam de uma palavra de conselho na hora de escolher uma carreira, de optar por um trabalho, de começar a sair com um garoto ou garota que possivelmente amanhã poderá ser o seu marido ou a sua esposa. Quantos e quantos papos não poderiam existir entre vocês, de suas experiências e medos. Imagine que gostoso ter o prazer de contar a seus netos as histórias de sua juventude.
Experimente o prazer de unir toda a família em uma mesa de jantar, não importa se há fartura ou não, se há luxo ou simplicidade. Experimente um dia desligar a chave geral de eletricidade da casa, reúna toda a família no quarto maior, iluminado apenas pela luz de uma vela, Lá, ouça e fale com eles. Essa ação pode economizar na conta de luz, e trará muitos ganhos na conta do amor familiar. E esse não tem preço no mercado.
Com amor, 
Queli Rodrigues

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